A primeira é Iracema Macedo, poetisa amiga que admiro a tantos anos.
O RITO DE CARMEM
Ela é uma forma de alucinação
de hino ao perigo
e ao furor
Perfuma-se com um poema
e se apronta
como quem vai ao cinema
Parece que não há riscos
em tudo que ela faz
mas ela acorda e dorme
sitiada
Mulher em que se atira facas
ela recebe os golpes um a um
Arremessos de perda, luxúria, ciúme
No centro do picadeiro
Um homem de olhos vendados
ameaça matá-la
todas as noites
diante dos aplausos inocentes
A segunda é Marize Castro, Marize, ai Marize! Você, sempre me invadindo assim, tão certeira.
Néctar
A verdade aproxima-se.
Olha-me com os olhos
abismados da beleza.
Não sou a mulher
que corta os pulsos e se joga da janela
nem aquela que abre o gás
nem mesmo a loba que entra no rio
com os bolsos cheios de pedra.
Sou todas elas.
Escrever me fez suportar todo incêndio
– toda quimera.
A verdade aproxima-se.
Olha-me com os olhos
abismados da beleza.
Não sou a mulher
que corta os pulsos e se joga da janela
nem aquela que abre o gás
nem mesmo a loba que entra no rio
com os bolsos cheios de pedra.
Sou todas elas.
Escrever me fez suportar todo incêndio
– toda quimera.