sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Iracema e Marize

Com elas aprendo .. 

A primeira é Iracema Macedo, poetisa amiga que admiro a tantos anos. 

O RITO DE CARMEM

Ela é uma forma de alucinação 
de hino ao perigo 
e ao furor 
Perfuma-se com um poema 
e se apronta 
como quem vai ao cinema 

Parece que não há riscos 
em tudo que ela faz 
mas ela acorda e dorme 
sitiada 
Mulher em que se atira facas 
ela recebe os golpes um a um 
Arremessos de perda, luxúria, ciúme 

No centro do picadeiro 
Um homem de olhos vendados 
ameaça matá-la 
todas as noites 
diante dos aplausos inocentes


A segunda é Marize Castro, Marize, ai Marize! Você, sempre me invadindo assim, tão certeira. 


Néctar

A verdade aproxima-se.
Olha-me com os olhos
abismados da beleza.

Não sou a mulher
que corta os pulsos e se joga da janela
nem aquela que abre o gás
nem mesmo a loba que entra no rio
com os bolsos cheios de pedra.

Sou todas elas.

Escrever me fez suportar todo incêndio

– toda quimera.








quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eta coração nordestino!

Doida pra chegar em Natal e me jogar no som da Rosa de Pedra.
Sons de Ribeira, de ruas de areia, de mar de onda ligeira e voz de brisa.
E aqui, a Rosa canta a maestria de Dominguinhos.



domingo, 10 de junho de 2012

Dia de alegria!!!


Não costumo postar fotos pessoais mas hoje deu vontade porque essa tá a cara da riqueza! O clique foi da minha querida amiga e maravilhosa fotógrafa Lenise Pinheiro . E na parceria meu amado amigo e irmão João Júnior.

Lenise foi nos visitar (Clowns de Shakespeare) na última temporada de O Capitão e a Sereia em S. Paulo e nos presenteou com belíssimas fotos no blog Cacilda, que ela mantem na Folha de S. Paulo.

Acho o olhar de Lenise muito especial, ela consegue captar, através do olhar  do ator, o silêncio dialético que antecede a fala e a ação. Incrível!!

Mais clicks de Lenise em  O Capitão e a Sereia.

Belíssimas fotos!!

http://cacilda.blogfolha.uol.com.br/2012/05/20/o-capitao-e-a-sereia/


sábado, 7 de abril de 2012

E tem os claros e os escuros.

"Em Rembrandt a luz passa a ser não só um elemento que compõe o ambiente, mas começa a fazer parte do plano espiritual da pintura, como a luz da alma humana. Os efeitos de luz criam a forma e o espaço e a cor se subordina a estes, daí ser chamado de mestre das luzes e sombras".  Fonte: Wikipédia.


Em Rembrandt, a luz é espirito. Uma atmosfera que paira. Me toca demais.


terça-feira, 3 de abril de 2012

Me permitam os conhecedores, mas me parece caso de desamor.

Hoje foi dia de apresentar work-shops. A Ofélia de Shakespeare estaria ali como o centro de nossos estudos.  Valia qualquer coisa; um som, um cheiro, uma volta por si mesma.
Dessa vez fiquei de fora, assistindo, me deliciando com as proposições de meus companheiros. Com  é sagrado esse momento da criação!

E sobre a moça, penso... é como um pássaro em gaiola, como um canto preso, como algo que sempre entorna. Morrer foi a melhor saída pra Ofélia. E quem há de negar isso? Triste moça, triste destino.



sábado, 17 de março de 2012

De quando li Marina no Face.

Hoje, ao adicionar uma conterrânea no Facebook me deparei com meus tempos de menina/moça em Acari. Ela, assim como eu, ler Marina na mocidade. Gostei demais!

Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)

quarta-feira, 14 de março de 2012

E no dia da poesia vou de vídeo.

Nina Rizzi e Carito, mais a musa Civone Medeiros e outras musas natalenses.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Quem é essa Ofélia?

2012 será o ano de montagem do nosso Hamlet. Marcio Aurélio chega em Natal em setembro para juntos darmos início a essa aventura e desde já estamos com a cabeça voltada para o assunto, apesar das indicações de Marcio ser para que a gente não se antecipe, ele pediu para o elenco não ler a peça por enquanto, deixar chegar o momento certo. Tá certo mestre, mas é inevitável o desejo de já cair na pesquisa desse universo tão humano e cheio de nós.
 E nas andanças virtuais encontrei esse blog aí:

http://ouimadame.blogspot.com/2011/11/ofelia-de-shakespeare-e-suas.html

Quem é essa Ofélia?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Se foi Spinetta. Dia de muita dor!

Para el Flaco, toda sorte nessa jornada desconhecida. Que seu caminho seja sempre repleto de música, amor e poesia. Vai fazer falta essa voz tão única.


http://www.youtube.com/watch?v=yIWbdWXKF3o